terça-feira, 2 de agosto de 2011

vida noturna


Em qualquer cidade média/grande como Porto Alegre, você consegue sem se esforçar muito ter boas opções de entretenimento e vida noturna por no mínimo 5 dias por semana. Mas quando o fim de semana chega – às vezes até antes dele – é que as boas festas acontecem. Uma verdadeira maratona. De quinta a domingo, é fácil perceber a movimentação e expectativa existente em torno das baladas. Caixa de entrada do Facebook abarrotada de convites, o pessoal no Twitter comentando ansiosos sobre as festas, DJs animados anunciando que o setlist está pronto pra bombar a pista de dança, e avisando: só fica em casa quem for ruim da cabeça ou doente do pé.

E quando eu me pego em casa numa noite fria de sábado, sem a menor paciência para colocar o nariz na rua, eu começo a pensar se o meu desinteresse em relação a uma vida noturna badalada, ser um partyboy, é sintoma de uma velhice prematura, ou é a desilusão de quem conhece a noite – já tive a fase de sair de quinta a domingo, nos idos 20 anos – e sabe que, não importa a cidade, quando se trata de vida noturna, o script é basicamente o mesmo: ambientes minúsculos, abarrotados de gente, bares pequenos e caros, um empurra-empurra generalizado, pessoas bêbadas derramando álcool na sua roupa e não raramente vomitando pelos cantos.  E isso sem falar nas filas: fila pra entrar, fila pra ir ao banheiro, pra pegar bebida, para pagar a conta, para sair da casa, pra conseguir um táxi. Se você for alguém VIP na noite, pule essa parte da entrada, mas inevitavelmente, você estará sujeito às outras. Aposto uma rodada de cerveja que todo mundo já passou por situações acima.


E foi assim que eu me lancei no Twitter em busca de respostas a este meu questionamento. Embora tenha sido em uma hora não muito propícia – afinal, os que estavam na rede eram exatamente os que compartilhavam da mesma opinião que eu – pude obter algumas respostas esclarecedoras por parte dos que estavam ainda se preparando para curtir a noite. A maioria dos que responderam já tinham passado dos vinte anos, como eu, e preferiam uma boa noite com amigos em casa, ouvindo boa música e até mesmo (para o horror do pessoal festeiro) se divertindo com jogos de tabuleiro, do que se aventurar em baladas imperdíveis. Entretanto, entre as pessoas que achavam inadmissível uma pessoa de 29 anos passar a noite em casa aos fins de semana, todos foram unânimes: deve ter algo de errado comigo. Questionei sobre as motivações que os levam a frequentar a noite, e pude perceber em uníssono, embora confessadas via DM, as respostas: rever os amigos, dançar, e, quem sabe, encontrar alguém especial. Ou seja, amor. Mesmo que o encanto só dure uma noite e desapareça no raiar do dia.

Percebo nisso uma contradição. Qualquer pessoa com um mínimo de experiência em baladas sabe que a probabilidade de se conhecer alguém realmente bacana na noite e que não desapareça com a luz do dia é tarefa comparável a achar uma agulha num palheiro. Começo a pensar se não é exatamente este o objetivo de quem ainda pode ser chamado teen ou que mal saiu dessa categoria. Será que o interesse nessas atividades é inversamente proporcional a idade e a vontade de achar o amor-da-sua-vida-de-uma-noite? Disso tudo, dá pra perceber algo em comum: a busca pelo que supre a necessidade amorosa-sexual em cada momento da vida. Mas isso é assunto pra um próximo post...