Ele deu um trago no cigarro como um meio de evitar as palavras. Assim, mantinha a boca ocupada enquanto o outro falava. E a cada frase que chegava aos seus ouvidos, era impossível não se lembrar das tantas vezes que já havia estado do outro lado. Mais um gole no café quente. Talvez aqueça o frio daquele dia. Talvez a fumaça que saía da xícara pudesse penetrar no outro e fazê-lo mudar de ideia. Mas não, a cada minuto seu café ficava mais frio, e não dava mais conta de protegê-lo dessa sensação desastrosa que é ouvir um “o problema não é com você, é comigo”.
Logo ele, sempre acostumado a ser quem dá a palavra final. Inclusive, veja que ironia, ele já tinha usado essa frase clássica algumas dezenas de vezes. Mas dessa vez, o tom parecia diferente. Não que fosse de fato: a verdade é há uma grande diferença entre dizer e ouvir. Dizer sempre dói menos. E ele desconhecia essa dor. “Bem vindo ao mundo dos de carne e osso” – por um momento pensou ter ouvido alguém dizer.
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Logo ele, sempre acostumado a ser quem dá a palavra final. Inclusive, veja que ironia, ele já tinha usado essa frase clássica algumas dezenas de vezes. Mas dessa vez, o tom parecia diferente. Não que fosse de fato: a verdade é há uma grande diferença entre dizer e ouvir. Dizer sempre dói menos. E ele desconhecia essa dor. “Bem vindo ao mundo dos de carne e osso” – por um momento pensou ter ouvido alguém dizer.
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Ler esse texto me fez sentir a sensação de ouvrir "o problema não é vc, sou eu!"... Ah, como dói, dói muito!!!
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