quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

sonhos

Essa noite sonhei contigo. Na verdade, eu tenho feito isso quase diariamente, mas o de hoje foi diferente. Sonhei que estávamos deitados, na minha cama, como fazíamos, vendo algum filme na TV (tenho a impressão que era Manhattan, do Woody Allen - um dos meus TOP 5 de todos os tempos, aliás). Abraçados. E eu me sentia bem, confortável, ou como você dizia, "feels like home". 



Acho que foi por causa do nosso último encontro (previsto por mim, talvez inesperado pra você). Todo o gelo que inundou o lugar e que nos afastava talvez me tenha feito compensar no mundo onírico. E se você realmente tem a habilidade de ver através das pessoas, fez isso comigo. 

Exorcizar demônios. 

Acordei no meio da madrugada com ventos fortes e abraçado a um travesseiro. Antes que pudesse me dar conta, chorei sozinho no escuro.

sábado, 8 de dezembro de 2012

sábado, 3 de novembro de 2012

e eu só queria que você soubesse de algumas coisas, afinal de contas. que eu amo o jeito que você dança, como você se movimenta. é engraçado, pois você é pesado, mas ao mesmo tempo, leve como uma pluma. eu adoro os seus erros de português, o que em qualquer outra pessoa seria inaceitável, mas em você e com seu sotaque estrangeiro, é fofo. que eu adorei deitar na grama naquele dia frio, em canela, e ficar com você debaixo das cobertas, olhando as estrelas e tomando vinho. que você me divertia quando deixava o carro morrer porque não sabe dirigir com câmbio manual. que aquele dia nos viram pela varanda.

que eu gosto tanto de você que ignorei completamente todos os sinais de alerta. que, mesmo sabendo do futuro incerto (ou certo), eu me dispus. porque eu quero viver. mesmo que às vezes pareça o contrário, quando eu fumo demais e você brigava comigo. que a gente discutia sobre inteligência das máquinas, que você é de aquário e eu pisciano - logo, estou sempre dentro de você. que a gente dançou jazz na cozinha tomando vinho enquanto eu preparava a janta, ao mesmo tempo que tentava recuperar sua carteira perdida dentro daquele táxi, enquanto você fazia ligações internacionais pra cancelar seu cartão de crédito.

que meus cafés na cafeteria nunca mais serão os mesmos. as tardes de domingo no parque com minha cadela também não. que ontem, enquanto eu ouvia você, eu morria por dentro. que eu descobri que não sei discutir relação em inglês. que eu não podia dizer o que você talvez queria ouvir, mesmo sabendo como dizê-las no seu idioma. que eu não podia pedir pra você ficar. que eu me apaixonei por você justamente pelas nossas diferenças. e que eu vou superar, claro. a gente sempre supera. que quando eu saí sem olhar pra trás e entrei no táxi, eu chorei imediatamente ao fechar a porta. mas porta quem tinha fechado era você.

eu só queria que você soubesse de muitas outras coisas. mas você nunca vai ler isso aqui. nem eu vou ler de novo pra postar.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Sobre cactos e xícaras


E no meio da confusão, decidi fazer um café. Cheiro de café novo sempre me deixa feliz. Ainda por cima, acompanhado de um bom queijo minas – estado, aliás, onde nasci e passei grande parte do tempo que me transformou em quem sou hoje. Pois bem, passei o café, lembrei que tinha trazido na mala recém-desfeita um queijo minas. Cortei um pedaço e temperei como gosto: com uma pitada de sal e azeite. Coloquei café na xícara até a metade. Na tevê, um filme sobre prédios e como eles influenciam na forma como as pessoas vivem em grandes cidades. Fui pra sacada, me sentei, uma xícara na mão, um pratinho com queijo picado, e acendi um cigarro. Estava anoitecendo. Eu adoro os fins de tarde em Porto Alegre, a propósito. Na rua, as pessoas passavam a pé, ou dentro de suas carapuças de aço, meio que blindadas. Reparei que os caminhantes usavam fones de ouvido, e isso, de certa forma, também os blindava do exterior.

Enquanto tomava meu café, reparei que a asa da minha xícara tinha exatamente o formato de um coração pela metade.

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Acho os cactos plantas fascinantes. Não exigem muitos cuidados, crescem até nos ambientes mais inóspitos e não precisam tanto assim de água – elemento fundamental à vida, segundo os cientistas – para existir. Pelo contrário, já que são plantas típicas de lugares desérticos. E como são diversos! Existem de todos os tipos e cores, e ainda se arriscam a florescer. São de uma beleza incompreensível a um olhar mais apressado, e não encantam como as frágeis orquídeas. Não perfumam, mas tem uma “aura” de auto suficiência de dar inveja. O mais curioso é que, se cortado, o cacto verte de seu interior exatamente aquilo que mais lhe falta. Tudo isso blindado (novamente) por espinhos.

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