e eu só queria que você soubesse de algumas coisas, afinal de contas. que eu amo o jeito que você dança, como você se movimenta. é engraçado, pois você é pesado, mas ao mesmo tempo, leve como uma pluma. eu adoro os seus erros de português, o que em qualquer outra pessoa seria inaceitável, mas em você e com seu sotaque estrangeiro, é fofo. que eu adorei deitar na grama naquele dia frio, em canela, e ficar com você debaixo das cobertas, olhando as estrelas e tomando vinho. que você me divertia quando deixava o carro morrer porque não sabe dirigir com câmbio manual. que aquele dia nos viram pela varanda.
que eu gosto tanto de você que ignorei completamente todos os sinais de alerta. que, mesmo sabendo do futuro incerto (ou certo), eu me dispus. porque eu quero viver. mesmo que às vezes pareça o contrário, quando eu fumo demais e você brigava comigo. que a gente discutia sobre inteligência das máquinas, que você é de aquário e eu pisciano - logo, estou sempre dentro de você. que a gente dançou jazz na cozinha tomando vinho enquanto eu preparava a janta, ao mesmo tempo que tentava recuperar sua carteira perdida dentro daquele táxi, enquanto você fazia ligações internacionais pra cancelar seu cartão de crédito.
que meus cafés na cafeteria nunca mais serão os mesmos. as tardes de domingo no parque com minha cadela também não. que ontem, enquanto eu ouvia você, eu morria por dentro. que eu descobri que não sei discutir relação em inglês. que eu não podia dizer o que você talvez queria ouvir, mesmo sabendo como dizê-las no seu idioma. que eu não podia pedir pra você ficar. que eu me apaixonei por você justamente pelas nossas diferenças. e que eu vou superar, claro. a gente sempre supera. que quando eu saí sem olhar pra trás e entrei no táxi, eu chorei imediatamente ao fechar a porta. mas porta quem tinha fechado era você.
eu só queria que você soubesse de muitas outras coisas. mas você nunca vai ler isso aqui. nem eu vou ler de novo pra postar.